O lado B

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segunda-feira, 14 de março de 2011

Todo dia é dia de poesia

Hoje, dia 14 de março, é dia nacional da poesia. Foi escolhida essa data em homenagem ao poeta brasileiro Castro Alves (1847-1871), pois é o dia de seu nascimento. Ele ficou conhecido como o "poeta dos escravos", pois lutou grandemente pela abolição da escravidão.
Ler poesia, é se emocionar com as palavras é ouvir o ritmo das frases, é ver o desenho dos versos. Poesia é uma beleza difícil de explicar, de fazer, mais todo mundo pode ser poeta, se tiver amor. A poesia está nas ruas, nas pessoas, na saudade, em todas as coisas boas desse mundo.


Agora um clássico do romantismo, um poema que foi lido e declamado por varias gerações de brasileiros, de Casimiro de Abreu.

Meus oito anos

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado.
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de arromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito.
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às ave-marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu nasceu no Rio de Janeiro, em 4 de janeiro de 1839. Tinha saúde fraca e levava vida boêmia. Morreu jovem, vitima de tuberculose, em 18 de outubro de 1860, na cidade de Nova Friburgo (RJ). Seu maior sucesso foi à obra As Primaveras, livro de poemas. Publicou também ficção e obras de teatro.

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